Cetamina, Ketamina, Escetamina: esperanças no tratamento da Depressão Resistente
- Prof. Dr. João Quevedo
- 18 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de out. de 2022
Cetamina (ou Ketamina) e sua derivação Escetamina são medicamentos anestésicos que têm ganhado cada vez mais a atenção do mundo científico quando se trata de alternativas para tratamento da Depressão Resistente.

Depressão Resistente ao Tratamento
Quando a Depressão apresenta resistência aos tratamentos medicamentos iniciais, mais comuns, chamamos de Depressão Resistente.
Os pacientes que sofrem deste problema geralmente têm muito pouca (ou nenhuma) melhora significativa. Isso aumenta a aflição do paciente, pois geralmente sente que não tem solução.
No entanto, a ciência e a psiquiatria têm se debruçado cada vez mais sobre alternativas aos tratamentos resistidos. Dentre elas, destacam-se principalmente a Cetamina e a Escetamina.
Medicamentos "off-label"
Apesar de já estar aprovada nos Estados Unidos desde 2019, o uso da escetamina no Brasil ainda é considerado "off-label", ou seja, ainda não regulamentado pelos órgãos de Saúde.
Leia mais em: Cetamina: inovação no tratamento da Depressão
A expectativa é de que a escetamina seja uma realidade devidamente regulamentada no Brasil em 2021.
Por enquanto, esses medicamentos são umas das alternativas aos tratamentos para Depressão Resistente no Brasil atualmente, apenas em caráter "off-label".
Cetamina (Ketamina)
Criada na década de 1960, a cetamina (chamada de ketamina em português europeu) é uma medicação anestésica, ou seja, é usada para induzir e manter pessoas em estado de total ausência de dor e outras sensações, geralmente durante cirurgias.
Porém, a ciência descobriu que a cetamina também tem efeito antidepressivo quando usada em doses subanestésicas, isto é, em quantidade muito baixa que não cause a sedação do paciente.
"Os estudos têm demonstrado que a resposta antidepressiva da medicação pode atingir até 70% dos indivíduos que se submetem ao tratamento." - Dr.ª Ritele Silva (Leia mais).
Escetamina
Após vários estudos da cetamina, especialmente nos Estados Unidos, cientistas desenvolveram uma variação, chamada Escetamina.
Dentre suas particularidades, destaca-se a forma de aplicação: enquanto a cetamina geralmente se dá por aplicação intravenosa (na veia, por meio de injeção), a escetamina pode ser usada como uma solução intranasal, em forma de spray.
Efeitos positivos e colaterais
O lado positivo é a rapidez com que o medicamento começa a agir no organismo: em média de 1 a 5 minutos, tanto por aplicação na veia (cetamina) quanto por spray nasal (escetamina), e os efeitos iniciais podem durar de 25 minutos a 2 horas.
Os resultados são clinicamente ótimos, como:
alívio da dor;
ansiedade;
diminuição imediata de impulsos suicidas;
e outros.
Por outro lado, existem alguns efeitos colaterais, mas são geralmente esperados e controlados clinicamente, tais como dissociação (estado mental "desconectado" da realidade) e aumento de pressão arterial.
Riscos do uso sem supervisão médica
Quando o paciente faz uso por conta própria, ou seja, não orientado nem supervisionado por um profissional médico responsável, existem os riscos de abuso, tolerância, abstinência e dependência química, além da possibilidade de sedação involuntária, ataques de pânico, infarto cardíaco e, em casos extremos, o óbito.
Por isso, é fundamental que o uso desses medicamentos seja unicamente administrado pelo médico responsável, preferencialmente especialista em saúde mental, para que não haja esses riscos.
Além de seus usos anestésicos, a cetamina e a escetamina são umas das alternativas para os tratamentos de transtornos de saúde mental resistentes, tais como:
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG);
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC);
Depressão Bipolar;
Depressão Resistente, dentre outros.
Referências:
InJQ - Sua vida é o que nos inspira.

João Luciano de Quevedo
Médico Psiquiatra - Doutor em Ciências Biológicas
CRM-SC 9.060 | RQE 5.058
Coordenador do Programa de Psiquiatria Translacional
e Diretor da Clínica de Depressão Resistente ao Tratamento
da Universidade do Texas (UTHealth), EUA.